26.6.07

4.6.07

Parabéns Filipe !!

"Depois de tantas viagens e tantos livros.

E nunca me aconteceu nada mais importante do que tu."
Ana Teresa Pereira "Se nos encontrarmos de novo"

"Ó enseguida distinguió dos clases de silencio.
Había un silencio mudo.
El silencio de callar lo que no se podía o ne debía decir.
Un silencio de precaución, de miedo.
Y después estaba el silencio amigo.
El silencio que hace pensar.
El silencio que te protege, que deja sitio para meditar.
El silencio de la gaita que estaba esperando a Polca."

Manuel Rivas "Los Libros arden mal"

24.4.07

Senha e contrasenha: 25 de Abril sempre, fascismo Nunca Mais

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós



Grândola, vila morena
Terra da fraternidade,
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade.

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena,
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena.

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade,
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade.

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena.

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade.

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira,
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade.

29.3.07



Pido un deseo a todas las estrelas que veo.
Siempre lo mismo.

Vivir junto a ti

21.3.07

Poesia na palavra falada



Quantas palavras derrubaram muros?

20.3.07

Alberto Serra, pessoa em forma de Poema



Uma ideia de génio.
A incansável teimosia de quem quer fazer da Rua uma Casa.


Pé ante pé, a poesia
"Fazer chegar a poesia às pessoas é certamente uma arte.
Para muitos, a poesia nem sabem bem o que é.
Para outros, é um modo de desligar da realidade: veja-se a forma como Manuel Alegre foi tratado por muitos jornalistas e homens políticos.
Para outros é uma linguagem estranha, uma espécie de país estrangeiro.
Por isso (e por amizade e admiração por Manuel António Pina), aceitei ir a Santo Tirso, que aliás não conhecia.
A experiência compensou. A imaginação anda pela rua, pelos lugares públicos.
Pé ante pé, devagarinho, a poesia avança.
O motorista que me tinha ido buscar ao Porto foi-me dizendo pelo caminho que o bolo imprescindível quando se vai a Santo Tirso é "o jesuíta".
Todos já conhecemos os jesuítas, mas descobre-se que estes têm uma massa especial que os torna leves e estaladiços.
Entrei na pastelaria Moura com modos de agente secreto, e que verifico?
Que o extremamente dinâmico presidente da câmara, a vereadora da Cultura e o organizador dos acontecimentos, Alberto Serra, todos lá estavam a ouvir poesia proferida por jovens actores com bata branca de enfermeiros.
Donde, a poesia andava pelos cafés.
Foi ainda objecto de uma conferência bem interessante, com um tema insólito. No auditório da biblioteca, belíssima criação dos arquitectos Maria Manuel Oliveira e Pedro Mendo, o dr. Lopes Gomes falou sobre Cardiologia e poesia, centrado menos na poesia e mais nos ritmos biológicos das emoções.
Foi um momento estimulante que contribuiu para reforçar a ideia de que "a poesia faz bem à saúde".
À noite, nas instalações repletas da Câmara Municipal de Santo Tirso, tivemos uma intervenção musical, leitura de poemas, tudo isto consagrado ao poeta Manuel António Pina. Coube-me o prazer de apresentar o autor e desenvolver com ele uma conversa em que o público participou.
Entretanto, pseudodelegados de propaganda médica e piquetes de urgência, distribuíam um "medicamento" que dava pelo nome de "Poemamax XR", ideia divertida em que dentro de uma caixa de remédios surgia um pequeno frasco com a "literatura".
Lá se dizia que o medicamento poderia ter efeitos colaterais mais ou menos desejáveis: "Paixões, sintomas de alucinação e de abandono compulsivo de actividades rotineiras", isto é, consequências passionais derivadas.
O medicamento era útil em "casos de prolongada tristeza, depressões, solidão, práticas consumistas, impaciência, insónias, teledependência e hipossensibilidade" e provoca "sintomas de dependência em pacientes pouco habituados à leitura e à partilha de sentidos".
Como declarou Manuel António Pina (que estende a sua sensibilidade poética à mais estranha ficção e sobretudo aos contos para crianças"), há mais vida para além da poesia.
Pois é. Tal como há mais vida para além do défice.
Santo Tirso é um exemplo disso mesmo.
Tal como os gatos e cães de que Manuel António Pina tanto gosta, o poema existe em si mesmo, como evidência exclusiva. Não é forçosamente comunicação, mas algo que nos toca.
O mais importante no mundo: tu e alguma poesia.
Mas tu és sempre a poesia em si mesma."

Eduardo Prado Coelho na crónica "o fio do horizonte", Jornal Público de 23/03/2006

21 de Março 2007
Seis poetas em retiro conventual em Santo Tirso

Seis poetas vão passar uma semana em retiro em conventos e mosteiros de Santo Tirso, a partir de quinta- feira, numa iniciativa incluída na quarta edição do evento "A poesia está na rua", organizado pela autarquia local.
Está previsto que no final da experiência os poetas dêem conta publicamente dos seus sentimentos e reflexões sobre o retiro.
Fernando Echevarria, Daniel Maia-Pinto Rodrigues, Ivo Machado, Aurelino Costa, Ana Luísa Amaral e Maria João Reynaud são os poetas que aceitaram este desafio, pelo que permanecerão em regime de clausura em vários mosteiros do concelho de Santo Tirso desde quinta- feira até dia 21.
Daniel Maia-Pinto Rodrigues e Ivo Machado vão para o Mosteiro de S. José, em Vila das Aves, enquanto Fernando Echevarria fará o seu retiro no Mosteiro de Singeverga, em Roriz, e Maria João Reynaud e Ana Luísa Amaral irão para o Mosteiro de Santa Escolástica, também conhecido como Convento das Clarissas.
Contactado pela Lusa, Ivo Machado, disse que não se considera propriamente religioso, mas sim crente, e antevê esta experiência como um "reencontro" consigo próprio, "um período de introspecção, silêncio e viagem interior" proporcionado pelos dias de isolamento.
Ivo Machado tem já algum contacto com a vida religiosa, porquanto passou três anos no seminário "quando era muito novo".
"Confesso também que vou um pouco à procura do silêncio neste mundo de ruídos", disse o poeta, cuja profissão - controlador de tráfego aéreo - nada tem a ver, em princípio, com o mundo da poesia.
Talvez devido ao seu quotidiano, marcado por um trabalho que exige períodos de alta tensão e concentração, Ivo Machado antevê a experiência com alguma curiosidade relativamente à forma como se processa a vida dos monges, calma, ritmada entre a oração, o trabalho e o recolhimento.
Pouco dado a horários, o poeta está, apesar disso, pronto para partilhar a vida com os monges e adoptar a sua rígida disciplina, abdicando dos pequenos confortos a que está habituado.
"Não sei se desta experiência sairá algum poema, pode sair logo ou não, porque a poesia impõe-se por ela própria, não se pode forçar", disse, num sentimento partilhado por Fernando Echevarria, outro participante na iniciativa.
Fernando Echevarria disse à Lusa que escolheu o Mosteiro de Singeverga "por ser de Beneditinos e por nele ter sido noviço o singularíssimo poeta Daniel Faria".
O poeta pensa que o facto de ser religioso terá influência na forma como vai viver os seis dias no mosteiro e pretende participar nas orações e na disciplina conventual.
"Os Beneditinos sempre receberam hóspedes, recordo que Pierre Reverdy - poeta francês (1883/1963) associado ao surrealismo e ao cubismo cuja obra mostra uma profunda religiosidade - foi um deles.
Penso que a convivência será simples", disse.
Este ano, o tema de "A Poesia está na Rua" é "A Fé na Poesia", sendo o homenageado José Tolentino de Mendonça, teólogo, poeta, dramaturgo, ensaísta e padre.
A sua poesia é considerada uma das mais rigorosas e originais da moderna poesia portuguesa.
Nascido em 1965 em Machico, Madeira, José Tolentino de Mendonça iniciou os estudos de Teologia em 1982, tendo sido ordenado sacerdote após ter concluído a sua formação universitária, em Julho de 1990.
Doutorado em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma), José Tolentino de Mendonça é actualmente director da revista de teologia Didaskalia, editada pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa, onde é professor auxiliar.
Como ensaísta, publicou textos sobre Ruy Belo, Teixeira de Pascoaes e Eugénio de Andrade.
É biblista, tendo realizado estudos como "O Outro Que Me Torna Justo" e "Métodos de Leitura da Bíblia" e traduziu do hebraico o "Cântico do Cânticos" e o "Livro de Ruth".
Além dos seus sete livros de poesia, entre os quais "A Noite abre os meus Olhos" (2006) - uma antologia da sua obra poética publicada em Itália e em Portugal - é autor de uma peça de teatro, dois ensaios sobre Teologia e diversos artigos em revistas científicas desta matéria.
A sessão de homenagem a José Tolentino de Mendonça está marcada para sábado, às 21:30, no Salão Nobre da Câmara Municipal.
No domingo, às 15:30, um grupo de declamadores, acompanhados de um carro de bois, percorrerá a cidade na "Procissão Poética", dizendo poemas, acompanhados com licor de Singeverga (elaborado no mosteiro homónimo) e com as tradicionais bolachas conventuais do Mosteiro de Santa Escolástica.
A quarta edição de "A Poesia está na Rua" culmina quarta-feira, dia 21, Dia Mundial da Poesia, com as já tradicionais "24 horas de poesia", este ano marcadas pelo "Roteiro dos Conventos".
Nesta iniciativa, os mosteiros abrirão as suas portas para acolher todos os interessados em ouvir, através da poesia ou de outras formas de expressão escrita, o testemunho público da experiência vivida pelos poetas no silêncio conventual.
"A Poesia está na Rua" é promovida anualmente pela Câmara de Santo Tirso com o objectivo de "dar expressão festiva à poesia, trazendo-a para o espaço público - a rua, os cafés, jardins, bares, discotecas, escolas, farmácias e outras lojas de comércio".
O programa de "A poesia está na rua" compreende recitais de poesia e música em locais públicos, lançamentos de livros, encontros e debates.
Nas suas edições anteriores, "A Poesia está na Rua" homenageou António Ramos Rosa (2004), Cruzeiro Seixas (2005) e Manuel António Pina (2006).

19.3.07

Va, vis et deviens






Só há uma nacionalidade comum, a única: SER HUMANO.

Hoje regressei a casa a saber qual é o meu LUGAR.
Uma CASA é a reserva de humano que levamos dentro.
A capacidade de abraçar outro corpo. Qualquer corpo.
Tocar com os braços o Humano que habita no outro corpo.
Uma Casa.
Abraçar a Casa do Humano, apertando outro corpo.

Sabes em que pele está a tua Casa?
É vermelha como a minha?

Vai e vive e volta.
É preciso viajar mesmo que sem sair do mesmo Lugar para encontrar
A Casa, um modesto sussurro que quase nunca se escuta.

A Casa sem cor.

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